Lauro Sodré
O general paraense Lauro Sodré e Silva, primeiro governador de seu estado, eleito em 1891 e em 1916, além de quatro vezes senador, teve destacado papel na política brasileira, participando da campanha abolicionista e sendo forte opositor do golpe militar liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca. No Grande Oriente do Brasil, assumiu o cargo de Grão-Mestre Geral pela primeira vez em 21 de junho de 1904, reeleito em 1907, 1910, 1913 e 1916, onde também teve atuação determinante.
Lauro Sodré foi o criador e principal fundador do Rito Brasileiro como Potência Regular, Legal e Legítima, mesmo que suas inspirações, que podem ir do clima nacionalista de parte da sociedade com que convivia na época ao próprio texto de Miguel Antônio Dias, ainda sejam incertas para a maçonologia.
Na prática, o decreto pioneiro no GOB é o de nº 500, de 23 de dezembro de 1914, ano oficial da fundação do Rito Brasileiro, conforme Muniz publicou em seu livro:
Lauro Sodré, Grão Mestre da Ordem Maçônica no Brasil; Faz saber a todos os maçons e oficinas da Federação, para que cumpram e façam cumprir, que em Sessão efetuada no dia 21 de dezembro deste ano, o Ilustríssimo Cons∴ Ger∴ da Ord∴aprovou o reconhecimento e incorporação do Rito Brasileiro entre os que compõem o Grande Oriente do Brasil, com os mesmo ônus e direitos, regido liturgicamente por sua constituição particular, respeitando o dispositivo do art. 34º do Reg∴ Ger∴, ficando autorizada a funcionar a sua Grande Loja, intermediária das relações entre Irmãos do Rito e entre Poderes Maçônicos de que trata o art. 4º do Reg∴ Ger∴, o que é promulgado no presente decreto. (MUNIZ, 2016, p. 80)
De acordo com o Supremo Conclave do Brasil, “foi o passo decisivo, o marco imperecível. Seguem-se dois outros Decretos consolidando o Rito, baixados pelo Almirante Veríssimo José da Costa, quando no Grão-Mestrado, substituindo Lauro Sodré” (SIMÕES, 1998, p.248). Os citados documentos são o decreto de nº 536, com aval da Soberana Assembleia em 1916, e de nº 554, apreciado no dia 13 de junho de 1917.
Esse último incorporou ao patrimônio da legislação do GOB a Constituição do Rito Brasileiro, incluindo sua declaração de princípios, estatutos, regulamentos, rituais e institutos. O livro Curso Elementar de Maçonologia (MUNIZ, 2006, p.81) conta que a primeira Constituição do Rito foi impressa em 1919, com relatoria de Octaviano Bastos, outro imprescindível personagem dessa história. Na época, já eram três graus simbólicos obrigatórios dentro dos 33 Graus adotados.
Só em 1940, no entanto, foi criado o ato para a constituição do núcleo que seria o Supremo Conclave (BRASIL, Ato nº 1617), além de o documento que designava uma comissão para sua regularização (BRASIL, Ato nº 1636), ambos baixados pelo grão-mestrado. Foi na mesma década que o Ir∴ Octaviano Menezes Bastos seria presidente da então Comissão Instaladora do Conclave dos Servidores da Pátria do Rito Brasileiro e participaria, assim como outros IIr∴, de importantes movimentos dentro e fora dos Poderes Maçônicos até a consolidação, de fato, do Rito.
*Este texto é parte integrante do trabalho Rito Brasileiro – Uma “breve” história